GNV
O gás natural veicular, GNV, é utilizado
como combustível desde a década de 70, mas até os últimos asnos não havia
disponibilidade de gasodutos, tampouco de postos para o abastecimento. Trata-se
de um combustível limpo, pois gera baixas emissões de poluentes, que tem no
preço seu principal atrativo.
Para a adaptação ao veículo - que pode ser originalmente movido a gasolina ou a
álcool, ou ambos (caso dos atuais bicombustíveis) - deve-se instalar um kit GNV,
formado por nove peças. Além do cilindro de armazenamento, que vai fixado no
porta-malas ou na caçamba de picapes (já se usa o cilindro fixo sob o
porta-malas, do lado de fora do veículo, como pode ser conferido em alguns táxis
que rodam na capital paulista), o sistema é dotado de válvulas de segurança,
para que no caso de rompimento na tubulação não haja risco de explosão, e conta
com sistema de exaustão caso ocorra algum vazamento.
É importante ressaltar: as instalações adequadas devem ser feitas por oficinas
credenciadas pelo INMETRO. Observadas as condições de segurança e feita a
instalação corretamente, o GNV é tão
ou mais seguro do que qualquer outro combustível.
Além da segurança, a conversão feita dentro de normas técnicas gera menor
emissão de poluentes nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Com o kit, o carro torna-se 'flexível', podendo rodar tanto com gás quanto com
gasolina ou álcool. Para inverter o fornecimento de um para outro tipo de
combustível, basta apertar um botão no painel, mesmo com o carro em movimento.
Vale a pena para o bolso
A maior vantagem do GNV para os
proprietários de carros é econômica.
Em um teste em um VW Gol 1.6 Total Flex (bicombustível) equipado com o kit de gás natural, rodando com o tanque com 100% de gasolina, o veículo fez uma média de 10 km/l (10 quilômetros rodados com um litro de gasolina); com o tanque abastecido apenas com álcool, a média foi de 7 km/l; com 50% de álcool e 50% de gasolina foi de 9 km/l. Já com o GNV, a média foi superior, chegando-se a 13 km/l.
Isso indica que o GNV é 59% mais econômico
que a gasolina e 48% que o álcool.
Preço de cada quilômetro percorrido
Com base na média de preços dos combustíveis, segundo pesquisa da ANP (Agência
Nacional do Petróleo) realizada de 13 a 19 de junho deste ano, (Gasolina: R$
2,042 o litro - Álcool: R$ 1,136 - Gasolina/Álcool 50x50%: R$ 1,589 - GNV: R$
1,094 metro cúbico), o teste obteve os valores em reais de quanto custa cada
quilômetro percorrido.
Com o veículo rodando somente com gasolina: R$ 0,204/km
Apenas com álcool: R$ 0,162/km
Metade gasolina (50%) / metade álcool (50¨%): R$ 0,177/km
GNV: R$ 0,084/km
Contras
Mas nem tudo são flores para os usuários de veículos convertidos para uso de GNV.
Em primeiro lugar, o cilindro é instalado no porta-malas dos automóveis,
deixando pouquíssimo espaço para as bagagens. Num Volkswagen Gol, por exemplo,
mesmo o menor dos cilindros ocupa quase o espaço total do já pequeno
porta-malas.
Os motores perdem em média cerca de 15 a 20% de potência, o que pode ser notado
mais facilmente em modelos equipados com motor 1.0 litro. Além do que, o
conjunto todo pesa cerca de 80 kg, e, por isso, é necessário o reforço da
suspensão traseira dos veículos para compensar o peso extra. A perda de
potência, contudo, pode ser compensada em parte com o variador de avanço, um
equipamento que retarda a explosão do combustível no cilindro. Com isso o motor
ganha mais potência, mas, conseqüêntemente, consome mais combustível. Outro
aspecto importante no uso do GNV é a taxa de compressão, visto que a ideal para
GNV seria 2 a 3 vezes maior do que a usada em motores a gasolina, assim, quanto
maior a taxa de compressão do motor, maio o desempenho no GNV e menor o consumo.
Assim, motores novos e/ou a álcool levam vantagem.
No Estado de São Paulo, o IPVA de veículos com kit GNV tem cerca de 3 a 4% de
desconto em relação aos veículos que só rodam com gasolina. No estado do Rio de
Janeiro o desconto é ainda maior: 75%.
Instalação
Preço da instalação varia entre R$ 2.220 a R$ 2.800, dependendo do Estado e do
veículo, pois o que puxa o valor para cima é o cilindro, que será instalado de
acordo com a potência do carro e o tamanho do porta-malas ou bagageiro.
O proprietário ainda gastará aproximadamente R$ 250 para a inspeção realizada no
Inmetro e com o pagamento de taxas para alteração no documento do veículo.
Somente fazendo a conversão numa oficina homologada pelo Inmetro o proprietário
recebe o Certificado de Segurança Veicular (CSV), documento que atesta o
cumprimento das normas técnicas e com o qual pode solicitar ao Detran a
alteração dos documentos do carro.
A instalação de um kit oficial demora, em média, apenas um dia. Normalmente, o
carro entra na oficina pela manhã e no final da tarde já está pronto.
Para saber o endereço de uma oficina credenciada mais próxima de você, o Inmetro
disponibiliza em seu site uma lista com as oficinas de instaladores registrados:
www.inmetro.gov.br
Abastecimento
Existem hoje no país, segundo dados do Sindicom, 753 postos para abastecimento
de gás natural, para uma frota de 712 mil veículos.
Para abastecer com GNV, os proprietários devem colar no pára-brisa um selo
obtido na inspeção anual realizada pelo Inmetro (R$ 80,00), que verifica o
estado e a vida útil do equipamento.
No entanto, oficinas credenciadas no Inmetro recomendam que o selo seja mantido
na carteira, junto com os documentos e apresentado somente na hora de abastecer.
Isso porque os veículos equipados com kit GNV são mais valorizados no mercado e
visados por ladrões.
Segurança
Os fabricantes asseguram que o cilindro é projetado para suportar altas pressões
e também para absorver fortes impactos que os mantenham intactos. Os cilindros
de alta pressão são resistentes a choques, colisões e até mesmo ao impacto de
projéteis de armas de fogo.
O risco de uma combustão também é menor. Enquanto o álcool se inflama a uma
temperatura de 200°C e a gasolina a 300°C, o GNV se queima a 620°C. Além disso,
o abastecimento é feito sem que o produto entre em contato com o ar, o que
elimina a possibilidade de combustão.
A legislação, segundo Francisco Barros do Sindicom, é uma garantia ao
consumidor, pois as oficinas credenciadas pelo Inmetro trabalham com normas e
procedimentos técnicos. A utilização do gás de botijão, comumente chamado gás de
cozinha, em veículos é extremamente perigosa, pois é composto de propano e
butano, altamente tóxico e inflamável. "A desinformação muitas vezes provoca
acidentes, pois existe até quem usa o gás de cozinha em veículos. Qualquer tipo
de adaptação é perigosa, mesmo instalação do kit GNV de maneira inadequada e sem
estar em acordo com a normas técnicas é um risco e deve ser coibida. Por isso a
legislação exige que somente oficinas credenciadas façam a instalação", completa
Barros.
Novas tecnologias
A tendência mundial é desenvolver tecnologias mais limpas, econômicas e que
forneçam o maior número de opções aos consumidores.
Já existe em alguns países, como Itália e Argentina, cilindros de armazenamento
de GNV produzidos com fibra de carbono, mais leves, com formatos variados e,
principalmente, mais resistentes que os cilindros de metais. Essa tecnologia,
contudo, não deve vir ao Brasil por enquanto, pois custam de 3 a 5 vezes mais
que os cilindros tradicionais.
A Bosch, por exemplo, desenvolve motores tricombustíveis, capazes de funcionarem
com álcool, gasolina ou gás, em qualquer proporção. Para tirar proveito das
diferentes características dos três combustíveis, essa tecnologia em
desenvolvimento prevê a possibilidade do uso de turbo compressor para alterar
virtualmente a taxa de compressão do motor, o que, segundo a Bosch, pode gerar
um ganho de até 50% de potência.
A Magneti Marelli também desenvolve o sistema TetraFuel com capacidade de
gerenciar quatro tipos de combustíveis numa única central eletrônica, permitindo
que os veículos possam ser abastecidos com gasolina, álcool, gás natural ou
nafta (gasolina pura).